08/04/09

Kingdom of Rust

Passaram quatro anos desde que "Some Cities" viu a luz do dia, e a manter o crescimento de tempo que compreende os intervalos entre cada álbum dos Doves, Sábado passado foi a data eleita para o lançamento de "Kingdom of Rust".
O caso de Doves é peculiar. Em primeiro lugar, hoje em dia é difícil encontrar bandas que se equilibrem entre a sonoridade do indie e alternativo, e que durem tanto tempo. Consequentemente coloca-se a questão da qualidade, sendo louvável que se tenham simultaneamente renovado e mantido coerentes, conseguindo ainda crescer e ganhar nome. Por fim, a atitude, uma imagem que se mantém simples, underground, o que, face ao hipe que anteviu o lançamento do quarto álbum, mostra integridade e um planeamento cuidado dos passos a dar. Posto isto, "Kingdom of Rust" não é apenas um álbum de boa música e que agrada aos seguidores da banda, como surge sob a forma de bandeira, um marco num percurso de quase uma década.
Desde "Lost Souls" que a música produzida pelos Doves mostra uma vontade de grandiosidade, crescendos breves e orquestrações que dão um passo além do indie comum, mas que ainda assim se contém para não cair no exagero. No último álbum esse conceito é ainda mais forte. A banda não se ficou por arranjos mais complexos e arriscou em re-escrever a fórmula, acrescentando sons e composições que em casos mais frágeis podiam levar à destruição de uma reputação, mas que aqui são contrapostos com a segurança e firmeza de Doves.
Tem-se tornado comum ver bandas com raízes formadas, arriscar e tentar tornar o próximo lançamento em algo que cative a audiência. No caso de "Kingdom of Rust" pelos Doves trata-se de algo bem mais complexo, uma jogada feita por quem sabe os conhecimentos que adquiriu ao longo da sua existência.
O resultado é visível. A abertura com "Jetstream" é poderosa e passa o testemunho ao single, que combina as raízes da banda com os novos sons, e desde então o álbum segue com pontos altos em "10:03" e "The Great Denier" energia com "House of Mirrors" e a chave d'ouro com "Lifelines", sempre mantendo uma experiência uniforme e gratificante.

Podia deixar o Single como exemplar, mas creio que seria fácil demais.
Como falei anteriormente, um dos pontos altos em "Kingdom of Rust" é "10:03". Para mim é das faixas mais profundas que oiço em algum tempo, e espero conseguir transmitir porquê:


Sem comentários: