04/06/09

Quase-Altos e Baixos

Ontem, após uma instantânea decisão, fui ver Peixe:Avião ao Teatro Aveirense. Por opção ou defeito não os consigo caracterizar com outro termo que não "frustrantes", mas que não se tirem conclusões precipitadas, valeu a pena.
Geralmente não consigo inserir uma banda num género apenas, se assim o tivesse que fazer ia parar a "alternativo", mas como isso é dizer tão pouco, vou dizer que se pode vê-los como os Radiohead metidos no post-rock. O espectáculo que fazem enquadra-se, de facto, no cenário da plateia sentada, quando existe uma preocupação de dar a conhecer, ainda, ao invés de tentar marcar o público, tornando a coisa mais linear, planeada, e calma.
Não pude evitar suspirar sempre que o silencio chegava, e Ronaldo Fonseca, vocalista, introduzia a música seguinte. Já referi as post-ondas presentes em Peixe:Avião, e quem conhece o género sabe que se faz, muitas vezes, da tensão crescente que acaba em algum tipo de descarga, pois neste caso não existe descarga. Estes artistas sintetizam os instrumentos e a voz, mesmo durante as faixas mais convencionais, e quando chega a altura de por o experimentalismo em exibição o resultado acaba na tal tensão, mas quando chega o ponto de descarga quase se compara, passo a expressão, ao coito interrompido. Existe um corte, sequências que eram extremamente satisfatórias com mais duração sabem a pouco, e a morte das mesmas, para mim, beneficiavam de um último inspirar, antes de perecer.
Não desgosto da música de Peixe:Avião, nem perto. Acontece gostar tanto que me sinto traído pelo que, para mim, são sub-valorizações das suas composições, pela própria banda. Acredito que, um dia mais tarde, com a devida confiança em palco, ou mesmo no B-Side do próximo EP onde prometeram vinte minutos de experimentalismo, se dêem a peças que consigam transmitir a merecida satisfação, que para já se saem bem a construir, mas não a finalizar.

Para quem não conhece, fica o respectivo MySpace.

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