13/08/08

SW '08

Ora vamos lá então! Depois de me habituar de novo a comer mais que salsichas no pão e pó, depois de ter dormido novamente esticado e numa superfície regular e mole, estou pronto a relatar a passagem deste homem das cavernas pelo Sudoeste deste ano.
Fui agregado a um grupo de nove pessoas, e apesar de alguma insistência para que se optasse pelos transportes públicos, e mesmo um dos veículos tendo passado por problemas no dia da partida, fomos enfiados carro de cinco lugares mais uma carrinha de caixa aberta. Partimos durante a tarde para uma viagem que durou oito horas, e chegamos à Herdade da Casa Branca perto das três da manhã, e contra o que pensávamos, as bilheteiras e o parque de campismo estavam abertos. Tratamos de comprar os bilhetes, refrescar a goela nos carros como preparação para carregar com as mochilas, e pusemos-nos numa procura que durou quase uma hora, por um lugar para montar 5 tendas. Entre gente alcoolizada e sonâmbulos, recebemos boas-vindas, pedidos pelas mais variadas substâncias, e alguma arrogância por parte de quem não queria ver o seu espaço demasiado ocupado, mas no fim acabamos por encontrar um spot, que mais tarde se revelou um grande achado, pela presença de WC, chuveiros, e do acesso à arena do festival por perto. Uma vez o campo montado, tratámos de nos acomodar e dormir um merecido sono, que infelizmente não durou muito, na medida em que o barulho circundante, e o sol que rapidamente incidiu nas tendas, não permitiram que se permanecesse dentro das mesmas muito tempo. Lembrando que nos encontramos agora na manhã de terça feira, dia cinco, e ainda não há festival. A recepção ao campista era na noite do dia seguinte, e para ocupar o tempo não há nada melhor que conhecer as praias da zambujeira e além.
Ora, assim que começa a noite de dia seis, haja o descontrolo total! Digo orgulhosamente que fui o único que ainda consegui ir aproveitar o kubik, de tão perdidos que andavam os meus colegas em loucura... Daqui para a frente as coisas decorreram de forma quase rotineira, durante o dia fazia-se praia, voltámos sempre por volta das cinco, seis da tarde, tratámos do que tínhamos a tratar enquanto não chegava o primeiro concerto desejado, e depois começava a correria a saltar de palco em palco.
Entre loucuras e excessos, estive presente uma vez apenas no positive vibes, a ver Souls of Fire, artistas reggea portugueses, que serviram de aquecimento para Bjork. Assim que chegou a hora, vinte minutos antes do fim de Souls of Fire, corri arena abaixo a tentar apanhar um lugar de jeito, e la fiquei. Bjork foi, sem dúvida, o melhor concerto do Sudoeste (para mim, claro). Para começar, no palco estava presente a reactable, juntamente com todo um resto de cenário elaborado e complexo. Desde o princípio que conseguiu por-nos todos a mexer, e conseguiu tal final que ainda estou para ver tamanha explosão a ser igualada. Quanto ao resto dos artistas, Chemical Brothers fizeram o que se esperava e Franz Ferdinand passaram por graves problemas técnicos, mas tudo se resolveu e mesmo assim conseguíram dar um bom show. Goldfrapp deu um concerto que, a meu ver, vale apenas pela música que apresentou, deixando a "actuação" um pouco a desejar, e quanto a artistas que nem pareciam ser motivo de exaltação, como Yael Naim e Brandi Carlile, surpreenderam-me bastante, a primeira pela sua alegria e postura em palco, e a segunda por fazer render a sua música de uma maneira única. Quanto a artistas nacionais, Tiago Bettencourt surpreendeu-me bastante (e ele próprio também se surpreendeu com a aceitação do público), Os Pontos Negros infelizmente só reforçaram a ideia de que apenas "O Conto de Fadas" vale a pena, e por fim, David Fonseca, a revelação, o homem que nunca pensei ter mais além do que se ouve na comunicação social, e se revela um autêntico entertainer criador e produtor de boa música. Quanto ao resto, claro que não podia ver tudo, mas mesmo assim, a caminho da herdade depois da praia no último dia consegui ouvir Fanfarlo que me deixaram com muito boa impressão, e Cut Copy que vi apenas enquanto esperava pelo próximo concerto, também me deixaram minimamente interessado. Para um derradeiro final e encerramento de artistas, não podia ter sido melhor que Led On. A banda portuguesa tributo a Led Zeppelin é um conjunto de grandes, grandes músicos, que conseguem transmitir autenticidade ao conjunto de covers que trazem ao palco.
De resto, claro está que o festival não passa só pela música, e diga-se que pondo de parte uma tenda posta a baixo e usada como sanitário, correu bem. Tínhamos uns vizinhos próximos bem porreiros, outros mais afastados que nem por isso, conhecimentos e amizades novos, locais e paisagens apreciadas... etc... O ambiente de toda a coisa é sem dúvida único, e de desejar estar presente no próximo ano.

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