28/06/09

Eden Lake

Respirei de alivio... Cheguei mesmo a afirmar que não gostava de filmes de terror como constatação final, e não deixa de ser verdade, até porque "Eden Lake" não se enquadra no género de horror a 100%, mas dadas as proximidades considero esta simples história uma lufada de ar fresco.
Estereótipos podem levar dois caminhos: Ou são estão de facto tão enraizados na cultura que se aceitam vezes e vezes sem conta, ou carecem fundamento e razão para existir, levando a extinção dos mesmos. Vejo o estereótipo do filme de terror na decadente segunda opção, e tenho perfeita consciência que não vai desaparecer tão cedo, dado que são imensos os amantes da protagonista que acaba semi-nua antes de morrer, ambientes demasiado perfeitos para dar em gente morta, sangue, e tudo mais que caracteriza os filmes em questão, mas não consigo interessar-me pelo enumerado. Pior, aborrece-me.
Este é um caso que contradiz todas as minhas expectativas. Um casal instala-se num local remoto para um pedaço de descanso e romance, quando então são perturbados por um grupo de adolescentes "desequilibrados", que na sua psicologia de grupo acabam a provocar mais que uma situação desagradável. A inovação de "Eden Lake" pode ser caracterizada aqui mesmo, não existe o assassino incógnito, ou feio o suficiente para se justificar conhecer a cara, existe um conjunto de personagens nas quais podemos compreender as suas acções, mas que no entanto não conseguem evitar que acabe gente morta e as estribeiras perdidas. Não se dispensam os momentos típicos, especialmente entre o casal que inevitavelmente mostram que são tudo um para o outro, e um ou outro caso em que me vi a perguntar os "e se" que esburacam o enredo aqui e acolá, mas o outro lado da balança está repleto de momentos que me conseguiram envolver na coisa, para ainda me surpreenderem mais tarde, e quando isso acontece haja reconhecimento na proeza.
"Eden Lake" consegue equilibrar o filme que apela aos amantes do terror e junta adolescentes no cinema, com uma experiência coerente e satisfatória para quem procura algo mais que sangue, t-shirts molhadas e gritos, e isso para mim foi o suficiente para me devolver algum crédito ao género, e conseguir enquadra-lo entre "filmes bons". Recomendo, e entenda-se que não o coloco em nenhum pedestal, mas vale a pena.

1 comentário:

Carla Rodrigues disse...

Concordo. Adoro ver filmes de terror (muitas vezes péssimos, como se calhar já reparaste ao passar pelo meu blog), mas entristece-me um bocado o marasmo em que o género cai, seguindo sempre a mesma fórmula a maior parte das vezes, e que lhe dá, e aos seus fãs, a reputação de ser brainless, inútil e desinteressante, um género "menor". Felizmente que de vez em quando aparecem excepções, e acho que Eden Lake foi a surpresa deste ano no que diz respeito ao terror - pelo menos até agora. Um filme bastante tenso, violento e surpreendente, com um final que... pronto, não nos deixa indiferentes. Boa review!