02/07/10

Como é que um conceito reciclado dependende da execução - Optimus e o Animal Social

Será só a mim que este anuncio faz espécie?


Creio que me sai como uma opinião das pouco fundamentadas o que tenho contra o spot "Animal Social" da Optimus. Lembrei-me que não seria um mau exercício entrar a fundo nisto, mesmo que não seja tão grave assim o conjunto total. Puro desporto.

As companhias de telecomunicações e associadas são entidades de destaque no que toca a campanhas publicitárias. Apesar de se verem casos de sucesso, como a T-mobile, em pegadas ousadas fora da TV e media comum (flashmob no aeroporto), o portugalito ainda nem tem mercado que justifique tais jogadas, estando ainda a apalpar terreno nos métodos convencionais, sem saber bem como é que faz da integração com facebook um selling point de telemóveis, das estrelas televisivas (ou musicais, se o Boss AC contar) porta-voz da televisão de alta-definição, ou das iniciativas das companhias concorrentes uma promoção própria e com um feeling próprio e único.
Olhando para o panorama geral, a Optimus regista os pontos altos no histórico de presença televisiva com dois nomes essenciais agregados. A BBDO, que em 2005 saca o prémio de melhor agência para si mesma e melhor anunciante para o cliente (Optimus), e o Ministério dos Filmes. Porquê? Note-se (com qualidade duvidosa, mas é o que se arranja para exemplo rápido):

Optimus - ELE


Optimus - Rio


Exemplos, entre outros, que vejo e recordo vivamente da melhor maneira. Durante nove anos o emparelhamento entre as companhias nomeadas foi, sem dúvida, uma mistura capaz de alguns dos picos criativos Portugueses, até que em 2008 se dá a mudança, a BBDO separa-se, e até isso fez com classe.
O novo nome associado, entretanto, é a EuroRSCG, que na sua vertente de Design & Arquitectura alberga uns quantos nomes e trabalhos de destaque, como o Euro 2004, Montepio, Jogos Santacasa, TMN, a nova imagem do Continente, e então a nova imagem da Optimus, esse monte de lava fluorescente.


Imagem de marca à parte, a minha opinião é que, entretanto, uma das entidades das telecomunicações com os anúncios mais fortes do panorama nacional perdeu um pouco de potência. E aqui, chegando ao núcleo da coisa, entra o TAG - Animal Social como que a prova definitiva que já não existe aquele quilometro extra com as macro-produções publicitarias.
Se analisarmos, temos em primeira mão a escolha transparente de um porta-voz facilmente identificado pelo público alvo, o mr. Manzarra que admito poder ser a causa principal do meu grudge pelo spot, o visual gasto, a cinematografia de contra-luz, escuros azulados e brancos acastanhados e câmara insegura, a escolha de música que até então se manteve ambígua, é agora um full-blown indie, envergonhado e contido, tudo misturado no conceito dos amigos e a união dos mesmos, as festas, que não teria mal nenhum se não fosse emoldurado em hipsters de chapéus engraçados, coisa que vou arriscar e concordar com a vox-populi quando dizem que se trata de uma boleia na onda de Where The Wild Things Are.
Acusem-me de andar a separar cabelos, mas analisando a primeira falha principal do "Animal Social" vê-se que o problema maior é o conjunto de individualidades gastas, cada um dos tópicos peca por estar na sua centésima utilização. Mas se assim é, porque é que as outras noventa e nove não são alvo de comentários alongados? Pela segunda falha: A colagem imperfeita de tudo.

Não querendo que a culpa caia sobre a RSCG ou qualquer outra entidade em particular, repiso que não se tratam de maus anúncios na sua generalidade, apenas este coitado que la lhes deve ter saído em cima da hora, ou pelo menos é essa a ideia com que fico. Em compensação, uma prova de que o emparelhamento em vigor desde 2008 é capaz de coisas engraçadas:

Optimus - Clix agora é Optimus


No entanto, terá sido premeditado o decréscimo de "alma" nas novas campanhas? Ou será só do meu ponto de vista que o novo método não comunica tão bem o lado humano da coisa?

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